Noturnas Companhias
Insatisfeitas, não
vão me deixar dormir
Sombras que insistem
incomodar
Assolam essa
amarga solidão
Velam-me no confim
deste quarto
Tiram oxigênio de
meu ar
Todas aquelas
imagens desfiguradas
rodeiam
moribundas, solitárias
Agora, mais
próximas parecem estar
As vezes com medo
fecho os olhos e
não me entrego
Deixo de lado meu
ego
me estimulo a não
pensar
Minha cabeça
lateja doendo
de forte pressão
nela sofrendo
me agonizo, sem pestanejar
Perdulário de
nefasto desespero
carrego suas
marcas em segredo
as vezes
implorando para apenas acabar
Atordoa uma
insônia infindável
Me observam no
leito da cama
como se algo
deseja-se perscrutar
Lhes encaro, tenho
desprezo
fracasso por mais
que tento
dessa injuria ardente
me livrar
Não mais assusta,
porem enlouquece
Companhias antigas
que de mim não esquecem
talvez odeiam com
medo de amar
Sempre retornam
furiosas e sedentas
nem um mísero
momento se contentam
até me verem por
completo acabar
Por: Wesley da
Silva Emiliano
*Isso me lembra de quando comecei a ver figuras nas sombras
durante a noite.
Devia ter doze anos. Morávamos eu, minha mãe, irmão e irmã
mais novos em uma casinha velha, bem rústica estilo colonial, três cômodos com
o banheiro. O quintal era imenso e haviam limoeiros, algumas plantações de
minha mãe, bananeiras lá ao fundo.
Um dia minha mãe saiu a uma festa de aniversário avisando
que voltaria tarde, eu preferi ficar na rua brincando com amigos (era aquela
época em que se via a criançada brincando na rua, jogando bola, queimada, corta
três, polícia e ladrão, e tudo mais). Quando todas as crianças foram para suas
casas, tomar banho, jantar e dormir, decidi ir para casa. Já era um pouco tarde
e não tinha luz clareando em torno da casa. Tinha que passar por trás da casa
para pegar a chave debaixo de um tapete e para entrar pela cozinha nos fundos da
casa. Peguei a chave e do meu lado tinha um tanque antigo de lavar roupas de
onde saíram dois vultos pretos girando como tornado um sobre o outro como se
brigassem, do tamanho de um cachorro e mais rápido que um gato. Eles correram
lá para o fundo nas bananeiras fazendo um som que doía no estomago. Fiquei em
choque alguns segundos e depois corri para rua em busca de socorro.
Algumas pessoas me acudiram, me levaram em casa, a mãe até
já estava lá e dormindo. Tudo pareceu acabar bem tirando a dificuldade que eu
devia ter encontrado para dormir.
A segunda visão em meio a noite foi de um rosto de um metro
de altura, feio, deformado e com um sorriso charmoso e ameaçador. Sensação de
pânico total e no final fui obrigado a encarar aquilo e dormir exatamente na
cama onde eu havia enxergado tal figura. Mais tarde vim a sonhar com essa
figura em estatura de adulto e o sonho se repetiu igualmente em todos os
detalhes umas três vezes ou mais ao longo dos anos que se passaram. Das últimas
vezes me lembro conseguir lutar contra essa figura, apenas a primeira foi mais
desgastante.
Consta nessa história real um fato que vivi e me lembro
perfeitamente. Observando por um ponto de vista psicológico levando em
consequência a separação de meus pais, eu como o mais velho dos filhos me
lembro mais dos eventos que aconteciam poderia provavelmente ter passado por um
leve transtorno que ocasionou nessas visões como consequência. Na verdade
enquanto escrevo me lembro de alguns momentos que presenciei que poderiam não
ter sido bom para uma criança.
Não que esteja afirmando estas visões serem ilusões. Tudo
que posso é ter suposições. Quem sabe não estivesse presenciando alguma
materialização do meu subconsciente ou de qualquer outra consciência? Poderia
ser até mesmo uma manifestação de uma inteligência inumana, quem sabe?
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