segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Noturnas Companhias

 Noturnas Companhias

Insatisfeitas, não vão me deixar dormir
Sombras que insistem incomodar
Assolam essa amarga solidão
Velam-me no confim deste quarto
Tiram oxigênio de meu ar
Todas aquelas imagens desfiguradas
rodeiam moribundas, solitárias
Agora, mais próximas parecem estar
As vezes com medo
fecho os olhos e não me entrego
Deixo de lado meu ego
me estimulo a não pensar

Minha cabeça lateja doendo
de forte pressão nela sofrendo
me agonizo, sem pestanejar
Perdulário de nefasto desespero
carrego suas marcas em segredo
as vezes implorando para apenas acabar
Atordoa uma insônia infindável
Me observam no leito da cama
como se algo deseja-se perscrutar
Lhes encaro, tenho desprezo
fracasso por mais que tento
dessa injuria ardente me livrar

Não mais assusta, porem enlouquece
Companhias antigas que de mim não esquecem
talvez odeiam com medo de amar
Sempre retornam furiosas e sedentas
nem um mísero momento se contentam
até me verem por completo acabar

Por: Wesley da Silva Emiliano





*Isso me lembra de quando comecei a ver figuras nas sombras durante a noite.

      Devia ter doze anos. Morávamos eu, minha mãe, irmão e irmã mais novos em uma casinha velha, bem rústica estilo colonial, três cômodos com o banheiro. O quintal era imenso e haviam limoeiros, algumas plantações de minha mãe, bananeiras lá ao fundo.
     Um dia minha mãe saiu a uma festa de aniversário avisando que voltaria tarde, eu preferi ficar na rua brincando com amigos (era aquela época em que se via a criançada brincando na rua, jogando bola, queimada, corta três, polícia e ladrão, e tudo mais). Quando todas as crianças foram para suas casas, tomar banho, jantar e dormir, decidi ir para casa. Já era um pouco tarde e não tinha luz clareando em torno da casa. Tinha que passar por trás da casa para pegar a chave debaixo de um tapete e para entrar pela cozinha nos fundos da casa. Peguei a chave e do meu lado tinha um tanque antigo de lavar roupas de onde saíram dois vultos pretos girando como tornado um sobre o outro como se brigassem, do tamanho de um cachorro e mais rápido que um gato. Eles correram lá para o fundo nas bananeiras fazendo um som que doía no estomago. Fiquei em choque alguns segundos e depois corri para rua em busca de socorro.
Algumas pessoas me acudiram, me levaram em casa, a mãe até já estava lá e dormindo. Tudo pareceu acabar bem tirando a dificuldade que eu devia ter encontrado para dormir.
     A segunda visão em meio a noite foi de um rosto de um metro de altura, feio, deformado e com um sorriso charmoso e ameaçador. Sensação de pânico total e no final fui obrigado a encarar aquilo e dormir exatamente na cama onde eu havia enxergado tal figura. Mais tarde vim a sonhar com essa figura em estatura de adulto e o sonho se repetiu igualmente em todos os detalhes umas três vezes ou mais ao longo dos anos que se passaram. Das últimas vezes me lembro conseguir lutar contra essa figura, apenas a primeira foi mais desgastante.
     Consta nessa história real um fato que vivi e me lembro perfeitamente. Observando por um ponto de vista psicológico levando em consequência a separação de meus pais, eu como o mais velho dos filhos me lembro mais dos eventos que aconteciam poderia provavelmente ter passado por um leve transtorno que ocasionou nessas visões como consequência. Na verdade enquanto escrevo me lembro de alguns momentos que presenciei que poderiam não ter sido bom para uma criança.
     Não que esteja afirmando estas visões serem ilusões. Tudo que posso é ter suposições. Quem sabe não estivesse presenciando alguma materialização do meu subconsciente ou de qualquer outra consciência? Poderia ser até mesmo uma manifestação de uma inteligência inumana, quem sabe?  



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