ODE Á PROSTITUTA SOFIA
QUE SE MATOU NO MAR
Satanicamente bucólica a paisagem.
Perdoe-me, mas todas as flores se abriram
E os sons orvalham até a alma trapista
daquele maníaco que acredita
na própria inexistência.
Qual será a cor desta hora perdida?
Veja imóvel aquela sombra de face no muro grisalho.
E não ame para não quebrar a paz.
As ondas acordaram cobrindo o cadáver de Sofia
A que vendeu a alma e o corpo
Para comprar aquelas sandálias
E a fita desbotada que ainda lhe prende os cabelos.
Ninguém escreverá sobre as aguas castas
Um epitáfio. Nem o nome sequer.
Estão perdidos todos os segredos das noites antigas.
Satanicamente bucólica a paisagem.
Não ame para não quebrar a paz.
Mestre: Antônio Pinto de Medeiros
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