Acorda
assustado respirando ofegante, vindo de uma vertigem sem fim, nem começo.
Entristecido por não ter aguentado não respirar.
Age
desordenado e enquanto sua vida o sufoca ele aperta a lamina. Corta com força
desajeitada as veias que latejam ainda que sem vida. Por mais que acreditasse ser
o suficiente o sangue mal escorria.
Sentindo-se
escarniado em revolta absurda de uma morbidez sem volta, ele escala o arvoredo.
Se debate parado em instantes de absoluto silencio, pode sentir o eco da
escuridão ao redor. Quando passa a corda pelo pescoço sente a ira e sorri,
demasiado de cansaço mas tentando revidar sua miséria. Foram várias as vezes
que aquela situação ocorreu em seus pensamentos. Já não é por sentido, motivo
ou razão. De todo o jogo era apenas o próximo passo. Se a roda ainda gira, não
faz importância.
Ainda fica
calado enquanto seu copo balança esticado na corda firme. Observa sem choro,
sem medo, sem contento. Entra num estado eufórico de desespero e tenta sem
desejar tirar a corda do pescoço, mas não tem como. Seu mais simples e puro dos
desejos era abraçar a morte com um sorriso no rosto. Para dar uma última vez
ali o sorriso morto que sempre teve que esticar no rosto e não partiu com medo
da morte, mas sem desejo de morrer.
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